Os prós e contras de ter um negócio próprio em casa
Trabalhando de casa: será que você tem o perfil para
cuidar do negócio na sua própria residência?
São
Paulo – Ter um negócio próprio ou uma unidade franqueada que permita trabalhar
de casa é o desejo de muitos empreendedores. Porém, como
saber se essa forma de empreendimento é a melhor para você? Um dos jeitos de
descobrir é conversando com quem já vivenciou essa mesma situação.
Para
conhecer como é a realidade dos que operam em casa, EXAME.com entrevistou dois
fundadores de startups e uma franqueada home based: George Brindeiro,
sócio-fundador da startup Overdrive; Marcio Acorci, sócio-fundador do MeCasei.com; e Georgette
Nogueira, franqueada da Web4br.
A
Overdrive, que promove a educação tecnológica à distância em escolas do ensino fundamental
e médio, precisou trabalhar remotamente já quando passou pelo processo de
aceleração do programa Start-Up Brasil, administrado pela Softex. Brindeiro e o
sócio, Luan Freitas, saíram de Brasília e ficaram em São Paulo no período da
aceleração, enquanto os funcionários vinham à cidade apenas em eventos
pontuais. Hoje, a Overdrive possui seis membros ao todo, que trabalham
principalmente de forma remota.
O
MeCasei.com, startup de sites para organizar casamentos, também participou do processo
de aceleração do Start-Up Brasil. A partir daí, tanto Acorci quanto o sócio,
Daniel Tamiosso, decidiram se dedicar integralmente ao negócio. O MeCasei.com
conta hoje com nove membros ao todo, espalhados por Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo, e faz uso do home office.
Já
Georgette Nogueira é franqueada há quase um ano da rede Web4br, especializada
em marketing digital (já
viu nossa lista de franquias home based?). Ela era administradora de
empresas e hoje se dedica em tempo integral ao negócio, que conta com um
vendedor ao lado de Georgette. Ainda que a empreendedora também visite clientes,
a maioria da operação é feita de casa.
Veja,
a seguir, três prós e três contras de ter uma empresa sediada na própria
residência, apontados pelos três empreendedores:
1. Pró: flexibilidade permite maior qualidade de vida
Georgette
conta que ter uma franquia que pudesse ser operada de casa foi determinante na
sua escolha pelo negócio ideal. “Eu tenho uma filha pequena [de quatro anos], e
queria essa flexibilidade. Essa é a grande vantagem: eu posso participar da
rotina dela, pegá-la na escola, levar para o balé... É tudo muito próximo”,
conta.
Essa
otimização do tempo também impacta no bem-estar do empreendedor. “As pessoas
que têm um negócio em casa possuem mais tempo para aproveitar a vida e
trabalharem de forma saudável. Elas evitam o trânsito, têm uma alimentação
balanceada, estão mais próximas da família e dos animais de estimação”, afirma
Acorci, do MeCasei.com.
2. Pró: é possível escolher os melhores talentos para sua empresa
Trabalhar
na própria residência melhora não só a qualidade de vida do
empreendedor, mas também a do funcionário. Essa possibilidade de emprego remoto
pode ser um grande atrativo para o novo membro da equipe, além de permitir a
contratação de quem estaria distante da sede da empresa, explica Acorci.
Segundo o sócio-fundador do MeCasei.com, o trabalho de casa permite não só que
a startup encontre os melhores talentos, mas também que ela consiga retê-los na
equipe.
3. Pró: os custos fixos do negócio são bem menores
Quando
você tem um negócio sediado na sua própria residência, todos os custos fixos
associados à compra ou aluguel de um imóvel comercial são descartados, como
aluguel, conta de energia e conta de água. Para uma pequena empresa, é
essencial ter uma postura enxuta, pelo menos no começo da operação. Essa é uma
característica comum às startups, e foi adotada pela Overdrive.
“Durante
a aceleração, nós provamos o sentimento de ter um escritório: era tudo muito
confortável. Mas até que ponto vale a pena a gente pagar um aluguel?”,
questiona Brindeiro. “Não precisamos receber clientes e cada um gosta de
trabalhar em um horário. Já temos no nosso DNA o trabalho remoto. Não vimos
incentivo suficiente para ter um escritório”.
4. Contra: vida pessoal e profissional têm grande chance de se misturar
Uma
dificuldade apontada pelos três empreendedores é a de conseguir conciliar as
demandas do trabalho e as demandas familiares. “É desafiante conseguir separar
o dia-a-dia social com as tarefas de trabalho quando nós estamos em um ambiente
confortável”, afirma Acorci.
Para
lidar com esse obstáculo, é preciso disciplina. “No começo, é um pouco
assustador. Eu estava acostumada a ficar no emprego muitas horas, chegar em
casa e saber que o trabalho acabou. Agora, esse trabalho continua”, conta
Georgette. A franqueada recomenda conversar com a família e comunicar seus
horários de trabalho e de lazer, para evitar interrupções.
Além
de reforçar o conselho, Brindeiro aconselha criar uma rotina para evitar a
mistura de prioridades. “Em casa, há muitas distrações possíveis e ninguém está
te observando. Você tem que ser muito disciplinado, e eu acredito muito na
rotina. Se você não tem esse hábito, pode trabalhar com objetivos”.
5. Contra: às vezes, a comunicação empresarial falha
Mesmo
que a flexibilidade de horários seja quase sempre positiva, uma de suas
desvantagens é que a comunicação da equipe pode ser prejudicada, já que cada um
trabalha no turno que prefere. Uma mensagem enviada por um funcionário pode ser
lida horas depois por outro, por exemplo.
Para
combater a desconexão entre seus membros, a Overdrive estabeleceu metas para
mensurar o trabalho de cada membro, que devem ser reportadas a todos da
empresa. Assim, todos ficam na mesma página. “Nós vemos o que foi feito a cada semana,
e isso deve ser sempre trabalhado para acabar com a insegurança de não saber o
que cada membro está cumprindo”, explica Brindeiro.
6. Contra: a distância dos colegas pode causar isolamento
É
comum sentir uma certa dose de isolamento quando cada membro da empresa
trabalha no seu canto. Para proporcionar maior contato entre a equipe, tanto a
Overdrive quanto o MeCasei.com promovem um calendário misto, composto por
muitas atividades remotas e alguns encontros presenciais.
No
MeCasei.com, há um encontro semanal entre membros que estão mais próximos uns
dos outros e, mensalmente, toda a equipe se reúne presencialmente.
Já
na Overdrive, o começo da semana é reservado para que toda a equipe se reúna em
videoconferência, por meio do aplicativo Appear.In, para definir os objetivos
do período. No final da semana, há um encontro presencial no apartamento de
Brindeiro. É nessa hora que ocorrem os trabalhos em colaboração entre os
membros da startup, além da interação mais descontraída. “Temos o hábito de
tomar café da manhã junto antes desse dia de coworking. A gente tenta combinar
uma saída uma vez no mês, para conviver mesmo. Se fosse cada um no seu canto
apenas, conversando online, acho que iria ser bem mais solitário”.
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